Prefeitura mantém afastamento de profissionais após investigação interna sobre morte de bebê e retirada de útero de mulher em Campina Grande
03/07/2025
(Foto: Reprodução) A gestante, que foi atendida na maternidade do Isea, morreu após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. A equipe médica que a atendeu já estava afastada desde 12 de março. Jorge Elô é marido dulher que morreu após perder filho e útero em maternidade de Campina Grande
Reprodução/TV Paraíba
Um médico e uma enfermeira permanecerão afastados preventivamente de suas funções após a conclusão de uma investigação interna que apurou a morte do bebê e a retirada do útero de Maria Danielle Cristina Morais Sousa, segundo a Prefeitura de Campina Grande. Nesta quinta-feira (3), a morte da mulher, que enfrentou complicações de saúde após o parto, completa 100 dias.
Em março, o marido de Maria Danielle denunciou, nas redes sociais, que o bebê morreu na maternidade do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, após a gestante receber um medicamento para induzir o parto. Segundo ele, a complicação também levou à retirada do útero da gestante. Maria Danielle morreu na tarde do dia 25 de março, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.
De acordo com a prefeitura, a apuração interna resultou em um relatório avaliado pelo departamento jurídico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que emitiu parecer com recomendações sobre os próximos encaminhamentos.
Ainda segundo a gestão municipal, foi decidido manter o afastamento dos dois servidores enquanto as investigações seguem em andamento. O objetivo é garantir a lisura do processo e preservar o ambiente de trabalho durante a apuração. Na época em que Danielle perdeu o bebê e teve o útero retirado, a gestão anunciou o afastamento dos profissionais que atenderam a gestante.
O relatório e o parecer foram encaminhados ao Ministério Público da Paraíba (MPPB). Os documentos também foram enviados à Procuradoria-Geral do Município, que vai analisar a necessidade de sanções adicionais ou procedimentos a serem instaurados.
Inicialmente, a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande informou ao g1 que a sindicância foi finalizada, mas não divulgaria o resultado porque estava aguardando a finalização da investigação total pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB).
No entanto, em nota divulgada nesta quinta-feira (3), informou sobre o afastamento dos profissionais. A secretaria não divulgou detalhes técnicos sobre o que foi constatado ou se outras medidas foram adotadas.
100 dias da morte de Maria Danielle
Jorge Elô, marido de Maria Danielle, mulher que morreu após perder o filho e o útero, um mês depois de ser atendida no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande, disse ao g1 que não tem respostas formais sobre as investigações do caso, que completa 100 dias nesta quinta-feira (3).
Ouvido durante a própria investigação, Jorge Elô revelou que tomou conhecimento apenas pela imprensa de que a sindicância havia sido concluída. Ele explica que detalhes maiores sobre a morte da mulher não foram informados a ele.
“Não houve contato direto comigo. Hoje, completam-se 100 dias do falecimento da minha esposa e é frustrante constatar que, mesmo diante da gravidade dos fatos e da relevância social envolvida — considerando que ela era servidora pública municipal e uma das assistentes sociais mais dedicadas da cidade —, ainda não há nenhuma posição formal por parte da prefeitura. Essa demora, além de desrespeitosa, agrava ainda mais a dor da minha família”, disse.
Sobre a dor que sente, Jorge Elô disse que a revive todos os dias e que tinha uma vida planejada com a esposa, fazendo planos para o filho que viria a nascer. Em duas oportunidades, as investigações foram prorrogadas pela prefeitura.
“Perdi minha companheira, meu filho recém-nascido e todo um projeto de vida construído com amor, carinho e dedicação”, contou.
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Entenda o caso
O marido de Danielle denunciou nas redes sociais que o filho morreu na maternidade do Isea após a mãe da criança receber uma superdosagem de um medicamento para induzir o parto. Segundo ele, a complicação também levou à retirada do útero da gestante.
Segundo o pai da criança, Jorge Elô, a mulher deu entrada na unidade hospitalar no dia 27 de fevereiro. Na manhã do dia seguinte, exames indicaram a viabilidade de um parto vaginal, e a equipe médica iniciou a indução com comprimidos intravaginais.
Naquele momento, souberam que o mesmo médico que realizava o pré-natal particular da gestante estaria de plantão. Na madrugada do dia 1º de março, o médico substituiu a medicação por uma intravenosa, intensificando as contrações.
Parto aconteceu na maternidade do Isea, em Campina Grande
Reprodução/TV Cabo Branco
Por volta das 6h do dia 1º de março, segundo relato do pai, duas enfermeiras do hospital atenderam a mãe da criança. Uma constatou que a cabeça do bebê já estava coroada, enquanto a outra aumentou a dosagem da medicação sem, segundo ele, consultar o médico.
Ainda de acordo com Jorge Elô, o trabalho de parto parou de evoluir, e as profissionais teriam culpado Danielle por não ter “colaborado”. O pai relatou que, minutos depois, elas teriam forçado a mulher a fazer força, mas ela desmaiou e estava sem pulso. Nesse momento, a levaram às pressas para a cirurgia.
Em entrevista à rádio CBN João Pessoa, o pai da criança afirmou que, após sua esposa ser levada para a sala de cesárea, ficou sem notícias sobre o que estava acontecendo. Quando finalmente entrou no local, viu a equipe médica retirando o bebê já sem vida e segurando o útero da mãe.
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